A experiência, diante do altar de Santo Inácio de Loyola, que fez Pe. Gaspar ouvir o convite deste SantoFundador dos Jesuítas, para iniciar uma Congregação, revela o quanto já nosso Santo Fundador havia amadurecido e atingido o grau máximo da Teologia Mística. Os tempos eram adversos e o momento, inoportuno, para iniciar uma Congregação. Assim mesmo, Pe. Gaspar começou, com um pequeno grupo, esta nova Família e, gota a gota, se dispôs escrever suas Constituições (Cf. Carta ao Pe. Bragato, no 9). Não se desencorajou. Não se abateu quando tudo parecia desfavorável. A obra não era sua e ele mesmo não se considerava um Fundador. A obra era de Deus e a inspiração, que lhe viera mediante aquela experiência mística, se tornara aquela que o motivava a concretiza-la, mesmo diante de incompreensões, enfermidades, saídas de alguns do grupo já bastante reduzido, e mentiras e calúnias externas levantadas contra eles. Pe. Gaspar foi em frente... A obra era de Deus! 

Hoje, celebramos o aniversário desta Congregação, iniciada aos 04 de novembro de 1816, em Verona, Itália. Todos os missionários estigmatinos do passado deixaram um testemunho de destaque e coragem audaciosa. Revelaram e manifestaram grande disponibilidade aos pedidos dos Superiores, prontos para enfrentarem inúmeras adversidades e problemas, sem jamais desistirem, esmorecerem ou se desencorajarem: perseguições, doenças, desconhecimento da língua, fome, frio, incompreensão... nada disso se tornou obstáculo para eles, porque estavam “dispostos a ir a qualquer lugar, na diocese e no mundo”, “livres de dignidades, residências, benefícios, e da orientação perpétua e particular de almas” (Cf. CF nn. 4-5). 

Na presente celebração, que relembra a fidelidade exemplar de São Gaspar Bertoni, manifestada na fecundidade de uma vida consumada em favor de um projeto revelado grandioso e mediante reflexos benéficos na história da humanidade, cada estigmatino deve renovar: 

 - fidelidade à nossa Congregação Estigmatina por meio da Vida Consagrada e Sacerdotal, apropriando-se da graça oferecida pelo

Senhor, a fim de vivenciar, do melhor modo, tais vocações; 

 - fidelidade em viver “um estilo de vida conforme o uso de eclesiásticos perfeitos, entre os quais vivem; e que sirva de edificação para os fiéis pela sobriedade cristã e pobreza evangélica”(Cf. CF no 6); 

 - fidelidade, empenho às vezes árduo, e alegria “para serem um só coração e uma só alma, na concórdia e na união recíproca das vontades” (Cf. CF no 189), à imitação dos primeiros cristãos e dos Apóstolos; 

-  fecundidade em viver “os valores permanentes da espiritualidade: exercício ascético das virtudes, mortificação, observância das Regras, cultivo do recolhimento e do silêncio, bom uso do tempo” (Cf. Constituição atual, no 41; CF nn. 47-48); 

 - fecundidade em renovar um esforço contínuo e incansável para não se deixar conduzir por fofocas, difamações, sentimentos maus e negativos quanto aos confrades (Cf. CF no 194); 

 - fecundidade em oferecer “assistência aos enfermos, servindo-os como a Cristo” (Cf. CF no 236).

Como base disso tudo temos a Graça de Deus, que reforça nossos bons propósitos, e a contínua intercessão de nosso Santo Fundador, São Gaspar Bertoni, para que sejamos sempre um corpo concorde e salutar, e, em seu conjunto, motivado para robustecer sempre mais nossa Congregação Estigmatina. 

(Mensagem do Superior Geral Pe. Rubens Sodré Miranda, por ocasião da Festa de São Gaspar Bertoni – 2018)