Caminhando para os 200 anos de nossa história
“Era quatro de novembro de 1816. Pe. Gaspar se reúne com alguns companheiros no prédio que chamamos de Casa dos Estigmas. Aparentemente, a finalidade era escola. Na verdade, o motivo certo era a fundação Congregação dos Estigmatinos. Fazia-se necessário, porém muito cuidado, para não dar na vista das autoridades civis, que não permitiam a existência de congregações ou ordens religiosas. Chama-se Casa dos Estigmas ao convento e edifício, porque a igreja anexa era dedicada às Chagas de São Francisco de Assis. Daí então o nome da Escola, do Convento e, com o correr do tempo, também Congregação fundada por Pe. Gaspar: Congregação dos Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quais foram os primeiros estigmatinos? Sem dúvida, o primeiríssimo, foi o fundador, Pe. Gaspar Bertoni. Com ele ingressaram Pe. Giovanni Maria Marani. Também, Irmão Coadjutor, o senhor Paulo Zanolli, torneiro e que agora passa a ser cozinheiro, almoxarife, sem nada entender do riscado. Tanto a casa quanto a igreja estavam em péssimo estado de conservação. Com o tempo, era preciso tratar de tudo isso. Por enquanto, o importante era a viver como estigmatinos em comunidade ali mesmo. Pe. Gaspar cogitava com que fórmula indicaria a finalidade e a mentalidade da congregação. Já tinha determinado que o fim era evangelizar, não havia dúvida. Queria agora uma frase que esclarecesse bem luminosamente este fim. Sabemos que em 1817 ele foi agraciado pela Santa Fé com o título de Missionário Apostólico. Pois bem, tomou esta frase como sendo um lema, curto e claro, indicando a finalidade da congregação. Acrescentou a este lema umas palavras que dão colorido, mentalidade especial da mesma: "em auxílio aos bispos". De modo que todo o conteúdo da finalidade ficou assim expresso: "Missionários apostólicos em auxílio aos bispos."
É interessante observar que o Concílio Vaticano II colocou em realce a doutrina sobre os bispos. Pe. Gaspar, ao determinar sua congregação, antecedeu-se aos tempos: quis a congregação estreitamente unida aos bispos, quis os seus estigmatinos a serviço dos bispos. Assim ficou distintamente concretizada aquela inspiração que tivera durante as missões populares, pregadas na igreja de São Firmo. Já que a finalidade era de missionários, ou evangelizadores, ele providenciou o preparo dos seus estigmatinos a fim de chegar a este requisito. Para isto, usava do seguinte expediente. Terminada a aula na escola, ao invés de tomar as primeiras horas da noite para descanso, após o jantar reuniam-se numa sala, marcavam o lugar do pregador como se fosse um púlpito. Depois, ia um por um fazer o seu sermão diante dos confrades, como se fosse diante do povo. Assim tinham oportunidade de receber as observações e reparo, corrigir falhas com a colaboração dos companheiros e, principalmente, com a orientação do consumado pregador que era Pe. Gaspar. Dentro desta visão de evangelização do povo, o fundador da congregação quer que os seus estigmatinos se preparem com ardor e perseverança. Quer que fiquem a par dos conhecimentos de tudo o que pode servir de matéria de sermão, de catequese, de conferência religiosa, etc. Quer também que aprendam a maneira mais apta para falar ao povo, de modo que a palavra de Deus seja, realmente, entendida e apreciada pelos ouvintes e chegue a mover-lhes o coração para uma conversão sincera e uma formação cristã dia por dia mais profunda.”
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